"Essa história seria meu próximo original que enviaria para minha editora; no entanto decidi posta-la no meu blog como presente aos meus seguidores"
Postarei outros capitulo de outras historias (originais) por mês!
PRIMEIRA PARTE: A CAVERNA DE LECRADO
Enquanto o sol
nascia singelo e resplandecente, eles fugiam... As muitas cores que do corpo celeste,
eclodia e sobre eles descia, mortalmente os feria deixando as superfícies do
seus corpos em uma profunda espécie de chagas com instantes de segundos No
entanto a noite que passou, um estranho ali repousou cercado de escuridão não
percebeu a presença deles por causa do sono que sofreu acidentalmente.
Ao sentir o
efeito da colorida radiação em pequenas partes do seu corpo fragilizado doente,
percebeu então o estranho, que ainda vivia na mente. Agora, com olhos bem
abertos estranhava o mundo apresentado, pois nada ali era familiar.
Contudo,
aquilo que o protegeu durante toda a noite passada ele decide deixar para trás
abandonando seu cockpit, despediu-se da parafernália que antes o auxiliava
dando-lhe precisas coordenadas. E mesmo com pouca força nas pernas ele se
afastava do abrigo de aço, apenas com a misteriosa maleta presa nos braços.
Ele andava debilmente em um cenário pantanoso, sem certeza alguma aonde iria chegar; o estranho rapaz da pele pálida revestida de macacão acolchoado tinha em seus ombros o brasão de um país americanizado. Ao Norte ele subia remando em águas turvas ancorando-se em eucaliptos submersos. Enfraquecido com o olhar desidratado não podia ver ao longe sem que fosse enganado pelo seu evaporado.
... Silenciou
tudo... Até que do alto de uma árvore velha o som de um corvo solitário do bico
lambuzado de sangue, rompe o breve silêncio daquele dia, agora nublado. O
animal parecia espreitar algo.
Enquanto
debatia-se no fundo d’águas uma luz como o sol dele se aproximava; envolvendo-o
completamente, assim o estranho rapaz desfaleceu novamente.
Ao cair da noite, sapos e grilos harmonizavam a sinfonia da mata entre outros bichos bem distante do lago salpicado; junto deles avia uma caverna, onde uma fogueira era alimentada por pequenos gravetos colhidos dias atrás. O calor produzido por ela ajudava aplacar a incômoda brisa gelada, que surgia da mata, vindo passear pelas fendas intrincadas da obscurecida caverna de Lecrado.
De costas para
a fogueira uma estranha figura de cócoras e o corpo perfeitamente enfaixado, molestava
com pequenas pedras umas poucas folhas colhidas na mata. Trabalhava em silêncio,
mas as vezes parecia conversar com alguém que não se podia ver ou, ouvir... Seguindo
ideias secretas, ela procurava nas estreitadas locas que avia na parede da
caverna, o frasco com substancia magica que pretendia junta-las à folhas
machucadas.
Enquanto o Ser
de silhuetas humanas, secretamente preparava alguma coisa... Junto da fogueira
um corpo estendido ao chão, desacordado e plenamente imóvel ignorava tudo que
se passava ali. Em certo momento a estranha figura, de
andar desengonçado atravessou pela fogueira com uma espécie de coité nas faixas
na altura de suas mãos, pois pretendia introduzir no corpo estendido, o raso
líquido que secretamente levava no interior do recipiente.
Horas se
passaram no interior da caverna. Próxima há fogueira já se ouvia os débeis
gemidos do corpo imóvel.
Enquanto isso
do lado de fora o Céu girava enquanto uma farta Lua cercada de luzeiros
clareava toda a mata... E como que despencado dela, um espírito saiu das águas
do lago; velozmente ele corria pela mata enquanto o olhar curioso dos bichos
que o sentia buscavam vê-lo, mas não conseguiam... Hábil, o vulto cristalizado,
saltava sobre troncos e galhos... Até que parou na entrada da gruta que daria
em um secreto túnel onde o corpo que gemia, estava.
Enquanto o
espírito ainda estava em pé, inerte na entrada da gruta, o corpo que gemia
começou a ouvir vozes e esboçar reações... Foi então que o Ser do corpo completamente
em faixas sentiu na alma, estando em outra parte da caverna, que sua magia avia
dado certo: Pois aquilo que antes era apenas um corpo vazio, agora estava
prestes a receber seu acostumado inquilino...
Enquanto
voltava para perto do corpo revestido de macacão ainda molhado; o jovem piloto,
estendido ao chão próximo da fogueira, buscava vida, sugando pela boca o ar que
lhe faltava.
Revigorado!
Depois de um sono forçado, o rapaz do macacão americanizado, olhando por cima
da fogueira, enxergou de longe a silhuetas do que parecia ser um homem vindo ao
seu encontro... Então firmou os olhos para compensar a penumbra, quando
indagou.
–Onde
estou. –O lugar não é importante saber, mas sim como você
está. Respondeu a estranha figura com sua voz rastejada e sotaque nas
palavras...arrastava-se devagar deteve-se ou ao lado da fogueira permitindo uma visão
melhor aos olhos do rapaz. Ao vê La, sentiu incomodo ao perceber que ela
não tinha boca nem olhos.
–Não precisa temer minha caquética aparência Hermes. –Como sabe o meu nome, quem é você? "Surpreso se mostrou" –Quem eu sou não importa agora; mas como se sente! A criatura ignorou devolvendo outra pergunta. –A propósito como está sua cabeça? –Confusa. Respondeu o piloto ao levar as mãos a cabeça enquanto seu corpo estremecia novamente ele insistia –Mas que lugar é esse afinal e o que você e por que estou aqui? A criatura de voz rastejada e sotaque nas palavras, vendo a angustia do rapaz... partilha alguma informação. –Isso é uma caverna; eu sou a Lepra e você está no meio de um processo, mas não tenho permissão pra te dizer sobre isso agora! Retomando sua posição ficou silenciosa. –Você é uma Lepra? –Sim! Confirmou ela com naturalidade de quem apenas dissera seu nome pessoal, justificando –É um dos nomes que me deram quando nasci! Com uma espécie de cajado– remexia nas brasas da fogueira. –Como assim! Hermes não assimilava, insistente indagava –Lepra não é nome, mas uma doença. –É como eles me veem! Naquelas palavras Hermes percebeu tom de ódio. –Eles quem? –Os do sangue puro! Dizia a criatura alterada, notadamente irada quando fala desses tais. Debochou! –Ao menos é o que eles pensam que são! Mas quer saber já estive com muitos deles e me assentei na mesa deles para comer o pão imundo que eles falsamente abençoam... olhando em seus olhos pude ver que não estão tão puros como dizem.
Então acalma-se aplacando seu espírito irado retomando seu sotaque e voz rastejada, conclui –Eu não sei por que os filhos de Adão se esforçam tanto pra esconder o que são de verdade!
–O que nós somos pra você? Hermes ficou interessado no que a criatura poderia vir a dizer sobre eles. Mas ela deixando o cajado ao lado da fogueira deu-lhe as costas ignorando-o arrastou-se até sumir na escuridão!
No lado de fora mais uma alvorada nascia entre os altos
montes ao leste das terras esquecida de Julgaz. No entanto para quem estava no interior
da caverna era como viver uma espécie de noite sem fim! A única clareza
que podiam ter era ao lado da fogueira misteriosa, alimentada por gravetos
colhidos que incrivelmente não se consumiam.
–Como faço pra
sair daqui? Pensa secretamente enquanto seu corpo tremulo e fragilizado era aquecido pela fogueira em brasas –Eu quero ir pra casa, minha esposa meus filhos! Surtado ele berrou! –Mas você não pode ir pra casa
agora. Uma voz misteriosa sussurrou no ar!
O retinido das
correntes ligadas ao tornozelo de Hermes manifestava nele lembranças de sua
casa: Momentos como o seu mau-humor ao regressar de um culto de domingo e a
penca de chaves caindo ao chão enquanto lutava com a fechadura, por uma partida
de futebol que já avia começado.
O som das
crianças conversando divertidamente com sua mãe e esposa na copa, enquanto elas
preparavam o lanche... E ele às culpando secretamente por desperdiçar o seu
tempo precioso com orações e cânticos de um hinário Batista tolo.
E enquanto
envolvido consigo mesmo no momento nostálgico, seu remorso foi interrompido por
murmúrios trazido por um vento incomum que brotava do chão aos seus
ouvidos. –Sete, seis, cinco, quatro, três,
dois, um; um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete... E repetidamente giravam
em torno do seu rosto com esse sussurro do mal.
Hermes não os
podia ver, mas estavam ali repetindo de forma maligna aquela sequência numérica
emanada de mal. –Meu Deus! Meu Deus!
Tira-me desse horror! Gritava Hermes atormentado, enquanto a figura, sorrateiro
o observava com certa frieza como se assistir o sofrimento de Hermes fosse um
meio de pagamento. –Crianças
levadas deixem o pobre homem em paz... Manifestou se ela com aquela voz
rastejado cheia de serenidade. –Paz, mas que palavra
mais estúpida não existe isso aqui. Respondeu os sete espíritos das vozes
ásperas. –Tanto faz saiam e
voltem para o chiqueiro de onde vieram. Ordenou ela com seu toque de
serenidade. –Não! -Você não tem
poder em nós, nós temos poder em você. Retrucou eles. –Coisa maldita! Acha
mesmo que não posso vê lós? –Você é fraco... Diziam
os sete gargalhando com zombaria, mas cheios de raiva.
Foi então que a serena e decadente Figura se deixou tomar de florescência vermelha, eclodindo assim feixe de luzes avermelhado pelas fissuras das faixas contornadas por seu corpo... Em uma imensa bola de luz vermelha ela foi se tornando dentre eles... Devastando o lugar onde estavam
Na explosão
avermelhada, Hermes, inexplicavelmente foi trasladado como antes: desacordado.
Não se sabe quanto tempo ele ficou inconsciente ali. Despertado pelo focinho de
um animal que bufava em seu rosto; abriu novamente os olhos... caído sobre
relvas de uma Savana que ele desconhecida.
Do sombreiro de uma velha Acácia, admirando a relva baixa, sendo cariciada
pelo vento que vinha do norte, onde uma manada de gnus sossegadamente pastavam.
Hermes, com os braços pendurados em um galho, seus pés firmados ao chão, novamente
foi visitado pelas lembranças de casa... A sensação do abandono e solidão voltaram
novamente e desta vez com mais força.
A angustia estava
em seus olhos. A emoção mixórdia produzia um grande desespero: Ele não sabe
aonde estar, nem como voltar pra casa! Queria resposta para apagar a chama da
inquirição que fervia em sua mente; com alma perdida e ideias confusas ele caiu
em um grande planto de lamento: esmurrava o chão e gritava! Ali o mundo não
parecia o mesmo para ele.
Enquanto
chorava, voltou o vento do norte; trouce a voz do garoto que tocou seus ouvidos.
–Pai! Pai!...
Sou eu pai, não chora, não chore, não... Erguendo-se do chão com a cabeça
lambuzada de relvas e folhas secas, procura pelo corpo da voz que com ele falou;
mas nada viu além dos gnus. Assim como ela veio da mesma forma se foi com o
vento.
Ainda
prostrado ele se ajeitava, enlouquecido enquanto secava seu próprio choro... Então
veio o estouro! A debandada iniciou... Os animais alvoraçaram: Berros e poeiras
ao ar pelo trotar balburdiado, centenas deles fugiam da predadora em punhada com
lanças afiadas, auxiliada por uma onça domesticada que avança sobre os gnus.
Destemida ela
corria entre eles enquanto Hermes, assustado, e para não ser atropelado, abrigou-se
na Acácia tomado pelo susto inesperado.
A moça da pele
bronzeada, com físico de uma ginasta, vestida com uma espécie de túnica sobre a
pele do corpo; corria entre os animais sem se atrapalhar pois fazia acrobacias
admiráveis, gritava palavras ao ar que eram levadas para algum lugar;
correspondida por aliados que aguardavam estrategicamente em pontos capciosos
como combinado. Infelizes animais, não tinham chance contra eles.
Passados o
ardor da caça. O quarteto de três homens e uma garota com seu animal
domesticado, repousaram junto de um enfraquecido riacho escondido por arbustos
recentemente renovados; enquanto selecionavam para maca de varas de bambu e cordas
improvisadas, os pedaços cutilados do Gnu derrotado... Com certa distância
Hermes os observava: perdido em seu próprio medo, nem percebeu quando
sorrateiramente a moça veio por sua retaguarda com a lança empunhada
acompanhada de sua amiga de quatro pata.
A ponta do
metal afiado que ainda tinha sangue do gnus sacrificado, tocou na vertebra do
rapaz assustado. Estremeceu todo ao ouvir o grunhido da onça que agora estava
ao seu lado.
Ela sussurrou ao pé do ouvido dele. –Quem é você? Espetava com a ponta afiada da lança, inibindo-o de qualquer reação. –Meu nome é Hermes. Respondeu petrificado. –Bem! O que quer por aqui? Apesar do lugar ser pra ele estranho, aquela voz ele não desconhecia. Mas temia qualquer reação. –Busco ajuda para voltar pra minha casa... Estou perdido nesse lugar. Respondeu cismado. –Onde é essa casa? Indagou, agora com brandura. –Sou do continente Americano, no meu macacão está minha identificação... Ele falou assim pois imaginava estava no continente Asiático. Ele ameaça virar-se, planejando mostrá-la a identificação de soldado bordada em seu macacão. Mas, desconhecendo sua intenção ela o espeta com violência serrando os próprios dentes disse. –Essa lâmina tem o poder de esfacelar a jugular de gnus com apenas um golpe imagine o que posso fazer na sua vertebra com uma única estocada? –Me desculpe! Só quero ir pra casa. Garantiu o perdido. A mulher retoma sua brandura. Aflouxando as mãos da lança, se afasta deixando que vire-se. –Com as mãos levantadas, vire-se devagar. Ordenou ela. –Se fizer qualquer movimento inadequado atravessarei seu umbigo até que meu dardo faze por suas costelas!
Virou-se
cautelosamente. Então os rostos foram revelados. Mutuamente
maravilharam-se com o que seus olhos podiam ver naquele momento. Emocionados a
primeira palavra que conseguiram dizer foram os nomes de ambos simultaneamente.
–Sara? De sorriso no rosto foi essa a palavra por ele usada. –Hermes? Surpresa, ela ficou. A lança cai no chão. Ele abrasa-a. O animal domesticado que pensava em almoçar o humano de macacão americanizado, se joga ao chão decepcionado, cobrindo os olhos com suas patas dianteiras. Entretanto Hermes abrasava sua adestradora animosamente como se todos os seus problemas terminassem com aquele encontro e Sara fosse seu passaporte de regresso para casa.
Ela não
partilhava de todo aquele entusiasmo, mas estava surpresa de velo ali!
Enquanto
regressavam para junto do grupo, ele não parava de falar da caverna e da forma
sobrenatural que as coisas ocorreram no pântano das águas esverdeada... A
mulher apenas o ouvia, mas as vezes olhava ironicamente para o animal
domesticado e sorria com ironia.
–Rubens, aquele é Isaque, esse é Marlon: aproximou-se já apresentando-o ao grupo de caça; cujo líder era Rubens. –Esse é o homem que estava nos observando atrás das árvores. Finalizou ela. –Ele tem nome Sara? Perguntou Rubens, o mais velho do grupo. –O nome dele é Hermes! Exclamou Marlon, lá do seu canto, enquanto enrolava pequenos pedaços da carne em folhas de acelga, para conserva-las até chegarem a aldeia. Isaque, já estava preparando o lugar da fogueira pois a noite não demora chegar.
–Bom! Você
poderia explicar como se conheceram? Indagou Rubens a Marlon. No entanto,
Marlon não lhe deu resposta.
Sara se
afastando dos três; aproximando-se de Isaque, o auxilia com os preparativos da
fogueira.
–De onde veio seu amigo Sara? Perguntou Isaque, o sereno do grupo. –E por que você acha que é um amigo? Rebateu ela. –Não costumo abraçar estranho; e você? Reagiu Isaque. –Na verdade eu não sei irmão.
ass: Autor André Pereira 2021 janeiro
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